Três modos de orar – Segundo modo
Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola nos propõem três modos distintos de oração que deveriam ser aprendidos e postos em prática no cotidiano. Aprenda o segundo modo
Sugerimos a aplicação deste modo de orar durante o momento da instrução das reuniões seguida de prática laboratorial e posterior aplicação cotidiana de forma individual ou em conjunto em algum momento oportuno nas reuniões. A prática laboratorial pode ser feita em tempo reduzido para melhor aproveitamento da reunião. Por uma questão didática reordenaremos os modos de orar, a começar do que consideramos mais simples para o mais complexo. Abaixo o esquema das orações, aos cuidados do instrutor geral da Congregação Mariana para aplicação.
SEGUNDO MODO DE ORAR: CONTEMPLAR A SIGNIFICAÇÃO DE CADA PALAVRA DA ORAÇÃO
PREÂMBULO
• Antes de entrar na oração, repouse o espírito sentando-se ou caminhando, considerando o que irá fazer.
• Encontre um lugar em que sinta-se cômodo para permanecer durante um período mais ou menos longo, sem excessiva claridade nem muito escuro e acomode-se, sentando-se ou colocando-se de joelhos, como melhor favorecer o aproveitamento individual.
• Mortifique os sentidos. Evite locais que possam causar distrações sonoras ou visuais. Para melhor se concentrar, direcione o olhar para um ponto fixo ou feche os olhos.
OBJETO DA ORAÇÃO
Para este modo de orar será utilizada a Oração do Pai Nosso. Posteriormente o mesmo será feito com a Ave Maria ou outra oração.
ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Deve ser feita de acordo com a pessoa a quem a Oração se dirige. Se for o Pai Nosso, deve-se pedir ao Pai a graça de receber as moções espirituais conforme a Sua Vontade a fim de que bem se aproveite cada instante da Oração. Sendo a Ave Maria, pede-se a intercessão da Virgem Maria para que bem aproveite as palavras da oração, e assim por diante. Esta oração é espontânea e, conhecendo o teor do Pai Nosso e das demais orações usadas neste modo de orar, o exercitante saberá o que pedir na Oração preparatória. Se preocupe mais em dirigir palavras vindas da alma do que procurar encontrar as melhores palavras e construções verbais rebuscadas. Esta oração é íntima e por isso convém que o exercitante se desvele de pompas diante de Deus e se abra de modo que peça sinceramente encontrar aquilo que busca.
MÉTODO DA ORAÇÃO
Será feita a meditação de cada uma das palavras da oração sem tempo fixo.
No Pai nosso, então, o exercitante rezará: “PAI” e permanecerá meditando esta palavra por tempo indeterminado, deixando que seu intelecto, sendo conduzido pelo Espírito, pense nos mais diversos significados, comparações, sabores, sentimentos, reflexões, considerações pertinentes e receba consolações que esta palavra trouxer. Não espere manifestações sobrenaturais, o apelo deste exercício é a ação do Espírito Santo sobre a mente, por isso todas as moções serão conscientes e serão geradas pelo pensamento.
Nota: Não se preocupe em repelir sem meditação palavras que aparentemente não façam sentido. Por exemplo: se no meio da meditação da palavra ‘Pai’ se sobrepuser a palavra ‘culpa’, medite se esta palavra traz algum sentido para você e sobre ela desenvolva sua oração.
Quando nada mais tanger o intelecto com relação a esta palavra, passa-se à próxima: “NOSSO”, e assim por diante.
Nota: O exercitante não deve se prender em palavras vazias de sentido quando destacadas de outras. Exemplo disso é a terceira palavra: “QUE”. Quando for este o caso, deve emendar na palavra seguinte até que forme uma expressão minimamente significativa. “QUE ESTAIS”, por exemplo.
TEMPO DE ORAÇÃO
Não é preciso se preocupar em distribuir o tempo para cada palavra. Se o exercitante encontrar-se bem em uma ou duas palavras, não precisa passar adiante temendo não ter tempo de meditar as restantes.
Cada oração deve se estender pelo período de uma hora. Se antes de uma hora terminar a Oração do Pai Nosso, comece a meditar a Ave Maria.
Nota: É preferível que o exercitante demore vários dias para concluir uma única oração do que gaste apenas uns poucos minutos para concluí-la. Treine para ocupar pelo menos uma hora em cada oração e estenda aos poucos o tempo de meditação de cada palavra. Mais do que ganhar tempo e rezar de qualquer jeito, vale gastar muito tempo em uma única palavra que traga muitos frutos.
CONCLUSÃO
Findo o tempo da oração, o exercitante prosseguirá o restante da oração escolhida (neste caso, o Pai Nosso) de onde parou da forma convencional e a ela acrescentará uma Ave Maria, um Alma de Cristo e uma Salve Rainha.
ORAÇÃO FINAL
Recordando-se de tudo o que meditou, dirija-se à pessoa a quem orou e peça as graças e virtudes que julgue ser necessárias em um pequeno colóquio espontâneo.
RETOMADA
Se em outro dia quiser voltar à oração de onde parou, faça todo o preâmbulo e recite da forma convencional até a última palavra meditada e recomece a meditação a partir da próxima palavra. Por exemplo, se parou em ‘perdoai-nos’, recite normalmente até a palavra ‘perdoai-nos’ e medite a partir de “as nossas ofensas”.
CONTINUIDADE
Convém que este tipo de oração seja cotidiana. Terminado o Pai Nosso em um ou em vários dias, comece a fazer o mesmo com a Ave Maria e assim por diante.
RESUMO
– Preâmbulo:
Repouse o espírito
Encontre um local cômodo
Mortifique os sentidos
– Oração preparatória
Dirija-se à pessoa da Oração pedindo as graças para bem aproveitar a Oração
– Diga uma palavra por vez
– Medite por quanto tempo achar necessário
– Ao final de uma hora, conclua a Oração normalmente
– Adicione:
Ave Maria
Alma de Cristo
Salve Rainha
– Oração final
Feita a quem se dirige a Oração
Pedindo graças e virtudes que julga necessárias conforme o que meditou.
O QUE É PRECISO PARA ESTA PRÁTICA:
• O RESUMO acima, que ajudará o exercitante no decorrer da oração até que ele decore cada um dos passos.
• LOCAL silencioso e sem distrações dos sentidos
• UM CRONÔMETRO se estiver exercitando sozinho, um sino ou outro dispositivo sonoro se estiver exercitando em conjunto sendo conduzido por um instrutor.
Bruno Arena, c. m.
Instrutor da Coordenação Regional das Congregações Marianas do Estado de São Paulo