Sinais dos tempos e conversão pastoral
Congregação Mariana
No primeiro capítulo do documento n° 100, é proposto que a Igreja é chamada a reconhecer os “sinais dos tempos” e seguindo as orientações emanadas do Documento de Aparecida, é indicado que devemos ir ao encontro da realidade com olhar de discípulo e não com olhar puramente sociológico.
Aqui o documento nos propõe desafios e oportunidades, pois vivemos numa sociedade consumista, de cultura individualista, onde só se pensa no aqui e agora. Somos marcados pela: violência, exclusão social, drogas, sociedade do descartável, com crescimento acelerado e desordenado nas grandes cidades. A pessoas procuram a Igreja apenas para atender às suas necessidades religiosas; não querem viver em comunhão ou participar de uma comunidade. Ao mesmo tempo os meios de comunicação estão mudando hábitos e atitudes. Como convidar pessoas a se consagrar na Congregação Mariana, no meio de tantas turbulências e nesta forte tendência ao laicismo? E até falam que vivemos em uma sociedade pós cristã, onde a verdade é relativizada.
Quanto aos cenários da fé, observamos que as pessoas estão ligadas a interesses pessoais, sem necessidade de uma comunidade, onde cresce os sem religião e no meio deste pluralismo religioso vigora o indiferentismo. Deste modo, participar de uma Congregação Mariana será apenas mais uma opção, fazendo com que o congregado(a) mariano(a) sinta-se desafiado na sua própria vida pessoal, por tantas pertenças. Neste cenário, se inclui a vivência religiosa mais midiática, desvalorizando a pertença comunitária, onde muitos preferem colaborar com campanhas televisivas do que participar de campanhas para ajudar as diversas casas de retiros administradas pelas Federações.
Neste contexto, não raro, há na realidade das congregações marianas, algumas que se fecham em si mesma; outras que não assumiram a renovação proposta pelo Concílio Vaticano II; ainda outras, onde a administração e responsabilidade está na mão apenas de um congregado(a). Em algumas congregações, principalmente nos grandes centros, não se consegue atingir a todos devido à grande população ou extensão territorial. Então, como ser missionário? Este é o grande desafio, pois é mais fácil ficarmos na nossa comunidade. Devemos partir para criação de novas congregações e não ficar dependendo de nossos Assistentes, que as vezes, já estão tão envolvidos com a Paróquia. As Congregações Marianas, não podem ser um grupo fechado; local que se prega fundamentalismo católico; ou nutrir em nosso grupo sentimento de superioridade em relação a outros grupos. Também, nos dias de hoje não cabe congregações que vivem em função de festas, bailes, almoços, onde a principal finalidade não é a evangelização. Nossos planejamentos devem e precisam ser mais evangélicos, participativos, realistas. Devemos evitar nas congregações reuniões longas, encontros prolixos.
Precisa ser observado a nova territorialidade, onde devemos considerar a experiência vivida pelas mídias que formam grupos de pertença. O termo comunidade, é muito utilizado no mundo virtual. Na Congregação Mariana atual, não há como trabalhar desprezando as redes sociais, que atraem e conectam interesses e motivações.
Muito importante neste contexto, será a revisão de estruturas obsoletas, onde não raro, a primazia do fazer ofusca o ser congregado mariano. Há muita energia desperdiçada em manter estruturas que não respondem mais as inquietações atuais. Como abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam ao convite de trazer novos elementos para as Congregações Marianas. Será que na minha Congregação Mariana há excesso de burocracia, falta de acolhida? Será que o ativismo de alguns congregado(a)s está sem uma espiritualidade, que os anime a viver melhor a sua consagração a Nossa Senhora? A Igreja é missionária, a Congregação Mariana é missionária, pois, justamente, este ser missionário que muda os corações.
Nessa urgência da conversão, há necessidade de passarmos de um trabalho de mera conservação para um trabalho decididamente missionário, ou seja, abandonar um caminho e escolher outro. Ter um olhar fixo na Virgem Maria, Seu modelo, Sua vida, que nos aponta o tempo todo a pessoa de Jesus Cristo. Este encontro com Jesus Cristo é capaz de mudar a nossa vida, nos fazer pessoas que vivem do Evangelho, ter nova mentalidade, sermos mais misericordiosos. Como a conversão é pessoal, precisa começar primeiro por mim. Que fiz? Que faço? Que farei por Jesus Cristo?
Não raro, as Congregações precisam de revitalização, devem ser mais acolhedoras, samaritanas, orantes e eucarísticas. Devemos perder o medo de mudança, tendências a fechamentos em métodos antigos nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Vós mesmos, dai-lhes de comer’ (Mc 6,37).
Buscar focar-se mais realmente no que propõe o Evangelho, evitando-se ocupar-se apenas com questões internas, que atrai cada vez menos pessoas. O congregado(a) mariano(a) não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros.
Enfim, podemos dizer, não raro, que a renovação da Congregação Mariana tem fonte perene no encontro com Jesus Cristo, renovado constantemente pelo anúncio do querigma. Esta é a proposta. Apenas uma proposta para discussão. Muito há que se conversar para convergir.
Salve Maria!
Eduardo L. Caridade