Revisitando um Manual Prático
Fundação de uma Congregação Mariana
O saudoso congregado mariano Antônio Rodrigues Maia (1922-2000), deixou-nos um legado histórico, formativo sobre às congregações marianas, cujos poucos livros encontram-se espalhados com alguns congregados e bibliotecas pelo Brasil.
No seu livro, editado em 1958, um Manual prático: “COMO SER DIRIGENTE”, o autor, desenvolve valiosos capítulos sobre as Congregações Marianas, onde na página 24, destaca o tema sobre a FUNDAÇÃO DE UMA CONGREGAÇÃO MARIANA, cujo primeiro parágrafo quero destacar no texto abaixo, e com alguns comentários de forma espelhada, sem querer esgotar outros aprofundamentos de estudo, que outro congregado ou congregação possa vir a colaborar.
Vamos ao texto: “Vistas as reais necessidades e garantidas solidamente as possibilidades da existência de uma Congregação Mariana em determinado lugar: Igreja Matriz, Capela, Colégio, Asilo, Hospital, Seminário, Penitenciária, Leprosário etc., procede-se ao PLANEJAMENTO do edifício a ser construído, isto é, ONDE funcionará, PARA QUE funcionará, QUAIS SERÃO os primeiros. Deve-se, portanto, ter em mira as FINALIDADES de uma Congregação Mariana, coisa que muitos confundem, e daí uma série de dissabores ou então Congregações Marianas nascendo feito cogumelos, mas com duração efêmera, ou, o que é pior, arrastando-se (completamente fora dos seus fins principais: SANTIFICAÇÃO dos seus membros, APOSTOLADO onímodo para a SANTIFICAÇÃO DO PRÓXIMO e DEFESA intransigente DA IGREJA, tudo isto através de uma DEVOÇÃO ardentíssima A NOSSA SENHORA”.
Segue, alguns destaques, refletindo sobre o texto do autor, onde apresento alguns pontos em Relevo, como o PLANEJAMENTO, onde, ao iniciar uma nova ou reativar uma congregação, deve se começar pelos requisitos básicos e passos de uma congregação mariana pensada, superando o amadorismo, mas, com um método adequado, ou seja, planejamento pensado de forma participativa e processual, caso contrário será mais um cogumelo e logo desaparecerá.
ONDE FUNCIONARÁ a congregação mariana? PARA QUE FUNCIONARÁ uma congregação mariana naquele lugar? QUAIS SERÃO OS PRIMEIROS congregados? – Tais perguntas, associadas ao PLANEJAMENTO vem a colaborar com uma congregação pensada, que sabe o que quer e para onde vai.
Hoje, sessenta anos após o texto do Maia, vivemos dentro de uma crise de compromisso comunitário, onde podemos destacar a luz da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, capítulo II, alguns desafios do mundo atual, tais como: economia de exclusão; idolatria ao dinheiro; desigualdade social gerando violência; proliferação de novos movimentos; secularização; crise nas famílias; individualismo pós-moderno e globalizado. Também, nos aponta algumas tentações entre nós congregados: como a crise de compromisso; falta de espiritualidade; desânimo egoísta; isolamento; mundanismo espiritual; guerra entre nós.
Sem este discernimento, nada adiantará os esforços. Uma pena que hoje estamos nos deixando levar pelas comunidades virtuais e assim perdemos o ardor. Perdemos o sentido do encontro, do olhar, do diálogo presencial. “Não deixemos que nos roubem a força missionária das congregações marianas” (Evangelli Gaudium nº 109).
a) O ideal deve ser o mesmo, quando se descobre a FINALIDADE das congregações marianas, frente a este mundo tão conturbado e cheio de ofertas, que nos afastam de Deus, ou seja, os desafios finais continuam os mesmosa) A busca da SANTIFICAÇÃO de seus membros: é o crescimento na vida cristã, onde cada congregado deve colaborar na missão de Cristo, homens, mulheres, adultos, jovens, de todas as condições sociais, devem desejar seguir Jesus Cristo mais de perto e trabalhar com Ele na construção do Reino. Como tal, devemos nos reconhecer na congregação mariana, discípulos missionários, e, entender que a congregação é aquele local de nossa santificação particular na Igreja. O Senhor nos convida à sua intimidade (cf. Jo 15,15-16), e a colaborar com Ele em sua missão de anunciar a Boa Nova e promover o Reino de Deus (cf. Jo 20,21)
b) A SANTIFICAÇÃO DO PRÓXIMO: O Santo Padre João Paulo II, na Exortação Apostólica Christifideles Laici, nº 43, nos diz: Com a caridade para com o próximo, os congregados marianos vivem e manifestam a sua participação na realeza de Jesus Cristo, que ‘não veio para ser servido, mas para servir’ (Mc 10,45). A caridade, com efeito, anima e sustenta a solidariedade ativa que olha para a totalidade das necessidades do ser humano. Cabendo lembrar, que o fundamento da solidariedade entres os homens é o DIÁLOGO e a COMUNHÃO, que têm a sua raiz última naquilo que os homens ‘são’, antes e mais ainda do que naquilo que eles ‘têm’. (Christifideles Laici, nº 37).
c) COMUNHÃO SÓLIDA COM A IGREJA: Nos primeiros capítulos da Constituição Lumen Gentium, é proposta uma visão de Igreja, para que o congregado mariano ao participar de uma congregação mariana, compreenda a dignidade de todos os cristãos, na Igreja, no contexto de participação, no tríplice múnus de Cristo (ser profeta, sacerdote e rei). E, depois, no capítulo IV, da mesma Constituição, o leigo (congregado mariano), é apresentado antes de tudo como fiel e membro do Povo de Deus, incorporado, pelo Batismo, em Cristo e na Igreja. Nesta comunhão sólida e “por vocação própria, compete aos leigos (congregados marianos) procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus (Lumen Gentium, nº 31).
d) DEVOÇÃO ARDENTÍSSIMA A NOSSA SENHORA: É dever do congregado mariano, possuir especial veneração para com a Virgem Maria, que deve nos levar à adoração de Cristo; Maria deve levar os congregados marianos ao seu Filho. Pois, a imitação da Mãe do Senhor leva certamente à imitação do Filho (Lumen Gentium nº 66).
Concluímos, apontando ao nosso DIRIGENTE, que o trabalho na congregação mariana não é só de organização ou de agitação, mas é um ato de doação, generoso, que deve fazer com que Cristo possa nascer e crescer no coração de cada congregado. Assim, o DIRIGENTE, imitando a Mãe do Senhor, se enche de um verdadeiro afeto materno para com seus congregados, buscando em tudo amar e servir.
Eduardo Lopes Caridade (Departamento de Formação)