Senhor, eu quero ver de novo! (Lc 18,41)
Os olhos são as janelas do nosso corpo, quando estes faltam, é preciso aguçar outros sentidos e assim permanecer abertos ao mundo que nos cerca. As pessoas que, começam a apresentar uma deficiência visual, têm de reaprender a viver. Aos poucos devem aguçar mais a audição, o tato, o olfato para compensar a falta da visão. Porém, não raro, pessoas com deficiência visual parecem “enxergar” mais que outros que dizem ter a visão perfeita.
A visão é sempre seletiva, na verdade, enxergamos aquilo que queremos. O olhar corre em busca das imagens que, de alguma forma, já estão espelhadas dentro de nós. Por isso, diante de uma mesma situação, as reações, compreensões e visões são tão diferentes. Não é sem motivo que diante de uma mesma realidade a visão dos homens costuma ser diferentes da visão das mulheres e vice-versa.
O episódio do cego de Jericó é uma demonstração de como a nossa visão é seletiva.
Ele estava à beira do caminho, à vista de todos. Ao saber que Jesus estava passando, o cego começa a gritar. A multidão que vinha à frente, não foi capaz de enxergar a situação daquele homem, nem a fé que ele tinha. A multidão só viu alguém que incomodava o cortejo. Por isso, aquelas pessoas tentaram calar a sua voz.
Porém aquele que tinha a deficiência visual, enxergava pela fé e via em Jesus o remédio para os seus males. Da sua parte, Jesus, que tem seus sentidos voltados para os pobres e nescessitados, não dá ouvidos à multidão, mas ao homem que grita à beira do caminho. Jesus enxerga as necessidades dele, vê sua fé e pára para atendê-lo.
“Que queres que eu te faça?’ Com esta pergunta Jesus permite aquele homem mostrar para si mesmo e para toda multidão a sua necessidade mais profunda. “Senhor, eu quero ver de novo!” Esta necessidade não era exclusividade daquele homem, era também uma necessidade daqueles outros que seguiam o cortejo com Jesus. Tanto que ao ser curado, o homem entra no cortejo junto com os outros, torna-se discípulo. E a multidão agora passava a enxergar melhor. É que não basta ter olhos para ver. Como nos recorda o “Pequeno Príncipe” do famoso escritor Exupéry, “Só se vê bem o que se vê com o coração”.
A prece daquele homem deve ser a prece de cada um de nós no nosso dia-a-dia.
Precisamos aprender a olhar as coisas, as pessoas e os acontecimentos com os olhos do coração, ou ainda, com os olhos de Deus.
Procure fazer sua, a oração daquele homem; “Senhor, eu quero ver de novo!” Peça a graça de enxergar melhor a vida, o mundo, as pessoas e as situações à sua volta e agradeça a Deus por todas as graças que Ele tem derramado em sua vida.
Salve Maria.
Paulo Lúcio Alves